Pesquisadores da Escola de Medicina Veterinária e Ciências Biomédicas da Universidade do Texas A&M descobriram uma relação entre um composto encontrado em frutas e vegetais, os flavonoides, e uma diminuição no impacto dos sintomas da endometriose.
Em um artigo publicado na revista ‘Endocrinology’, os pesquisadores descreveram como os flavonoides são capazes de ajudar na redução dos sintomas de condições inflamatórias como a endometriose, doença que acomete uma a cada dez mulheres no Brasil, conforme o Ministério da Saúde.
Alimentos que contém flavonoides
Os flavonoides são compostos antivirais, antioxidantes e anti-inflamatórios que não são produzidos naturalmente pelo corpo humano, e por isso precisam ser ingeridos por meio do consumo de frutas, vegetais e plantas medicinais, ou através de suplementos. Alguns alimentos ricos em flavanona, por exemplo, que é um subtipo de flavonoide, são o orégano desidratado, a uva e a laranja.
Também é possível obter flavonoides consumindo alface, cebola roxa, maçã e limão-siciliano. O grão-de-bico e morango são ricos em antocianinas, outro subtipo de flavonoide, assim como o vinho tinto.
“Os cientistas já sabem há algum tempo que as pessoas que comem mais frutas e vegetais tendem a viver mais e têm menor risco de contrair muitos tipos de doenças, incluindo as doenças de Parkinson e Alzheimer”, explicou o Dr. Stephen Safe, professor do Departamento de Fisiologia Veterinária e Farmacologia na universidade.
Conforme o pesquisador, com a pesquisa, eles conseguiram mostrar que há uma ligação entre flavonoides e a endometriose. “Ao ingerir mais alimentos que contêm flavonoides, as pessoas têm maior probabilidade de reduzir as chances de endometriose ou de reduzir a gravidade dos sintomas,” afirma. Outros alimentos que contém flavonoides são:
- Salsa desidratada e fresca
- Lima
- Frutas vermelhas, como o mirtilo, amora e morango
- Pêra
- Suco de laranja
- Suco de uva
- Alcachofra
- Rabanete
- Repolho roxo
- Figos
- Chicória
- Aipo
- Pimentão verde
- Aspargos cozidos
- Trigo sarraceno
- Noz pecã
- Avelã
- Chá verde
- Chá preto
- Chocolate amargo
- Chocolate em pó
Conforme a pesquisa sobre os flavonoides, esses compostos bioativos interagem com receptores específicos em nosso corpo, o NR4A1 e NR4A2, os quais atuam como reguladores da inflamação, um efeito característico da endometriose.
Os pesquisadores descobriram que os dois flavonoides que mostraram maior influência sobre NR4A1 e NR4A2 foram a quercetina e o kaempferol, comumente encontrados em maçãs, brócolis, frutas vermelhas, chá, cebola e vinho tinto.
Proteção contra os sintomas da endometriose
A endometriose é uma condição frequentemente dolorosa. De acordo com o Ministério da Saúde, em 2021, foram feitos mais de 26,4 mil atendimentos no Sistema Único de Saúde (SUS), e oito mil internações foram registradas na rede pública de saúde para pacientes sofrendo com sintomas da endometriose.
Essa doença inflamatória é provocada por células do tecido que reveste o útero (endométrio) que, em vez de serem expulsas do corpo durante a menstruação, retornam para os ovários ou para a cavidade abdominal, causando sangramentos.
O principal sintoma da endometriose é a dor na região pélvica. Além disso, quem apresenta essa condição geralmente tem cólicas menstruais mais intensas e que podem se intensificar com o tempo, exigindo o uso de medicamentos, e em alguns casos, hospitalização.
Outros sintomas da endometriose são a dor durante ou após as relações sexuais e o sangramento em excesso no período menstrual. Sangramentos no meio do ciclo menstrual também podem ocorrer em mulheres com essa condição. Outros sintomas são: cansaço, constipação, diarreia, enjoos e inchaço.
Algumas mulheres com endometriose não apresentam sintomas, e nesses casos a condição costuma ser diagnosticada durante testes para o tratamento da infertilidade. Tanto a infertilidade como a dificuldade para engravidar são mais comuns em mulheres com a doença.
“Quanto mais tempo se leva para um diagnóstico, mais a endometriose vai se disseminando no interior do abdome, podendo levar a infertilidade por alterações anatômicas, obstrução das trompas, alteração na ovulação. Por isso, o ideal é a detecção e o tratamento precoce”, explica Edmund Baracat, médico ginecologista e obstetra, Pró-Reitor de Graduação da Universidade de São Paulo (USP).